A decisão de pausar foi um reflexo da pressão imposta por especialistas em desenvolvimento infantil, da mídia e por último dos legisladores do EUA. O projeto foi descoberto em março através de um vazamento e, desde então, trouxe luz a uma discussão: o risco que o uso das redes sociais traz ao bem estar das crianças. Essa já é uma questão antiga e muito discutida pelos críticos das redes sociais presididas por Mark Zuckerberg. Em 2017, o Facebook lançou o Messenger Kids e foi amplamente criticado e sofreu grande crítica após seu lançamento.
Confira também: Whatsapp, Instagram e Facebook fora do ar.
Preocupação com a saúde mental
O Jornal “The Wall Street” publicou, no dia 14 de setembro, uma reportagem após ter acesso a uma pesquisa feita pelo próprio Facebook que relata os efeitos do uso do Instagram. A pesquisa foi revelada por uma ex-funcionária que afirmou que a companhia Facebook e suas redes sociais estão em “falência moral”. Segundo a reportagem o próprio Facebook tem consciência de que o Instagram está prejudicando jovens, em especial meninas, causando problemas de saúde mental e de imagem corporal e, em alguns casos, distúrbios alimentares e pensamentos suicidas. A pesquisa revela que, nos EUA, 40% dos usuários no Instagram possuem menos de 22 anos de idade. É importante para que a companhia de Zuckerberg mantenha os jovens ativos no Instagram, já que grande parte deles não acessa mais o Facebook. Outro dado preocupante revelado no estudo, é que 32% das jovens relatam que, quando sentem-se mal com seu corpo, o Instagram faz que com elas piorem. Com meninos também não é diferente: 14% deles admitem que o uso do Instagram piora sentimentos sobre si mesmos. Os dados ainda dizem que 13% dos usuários adolescentes britânicos e 6% dos usuários americanos chegaram a ter pensamentos suicidas e afirmaram que esses impulsos estão relacionados ao Instagram. Apesar desses sentimentos, as adolescentes não conseguem deixar o vício da rede social. E até gostariam de deixar de usar, mas não conseguem.
A resposta do Facebook
O chefe do Instagram, Adam Mosseri, foi quem anunciou a pausa no projeto em uma postagem no blog do Instagram. Ele criticou de forma veemente o artigo do The Wall Street Journal e afirmou que houve uma escolha seletiva sobre pesquisa do Facebook, embora não tenha contestado os fatos. Ele não chegou a dizer especificamente que abandonará o projeto e sim que dará uma “pausa” e que a empresa usará esse tempo para “trabalhar com pais, especialistas e legisladores e demonstrar o valor e a necessidade desse produto”. Segundo ele, o Instagram Kids está sendo projetado apenas para crianças de 10 a 12 anos, não possui anúncios, e requer permissão dos pais, etc. Ele diz também, que alguns podem continuar argumentando que um aplicativo como o Instagram Kids é apenas mais um alvo para predadores e bullying online, mas essa é a postura que o Instagram está tomando. Na sua visão, o problema é que crianças e adolescentes já estão online e usam aplicativos cheios de adolescentes e adultos. Portanto, “desenvolver experiências adequadas à idade, projetadas especificamente para eles, é muito melhor para os pais do que o temos hoje”. Observando suas declarações, não fica claro até que ponto o Facebook está considerando a pressão que está recebendo e as constantes queixas dos efeitos negativos que o Instagram é acusado de causar. Sua decisão de pausar o projeto, mostra que ainda planeja dar continuidade ao Instagram Kids no futuro e, com isso expor um público muito mais jovem à rede social. Há alguns meses, Mosseri afirmou que o efeito do Instagram sobre o bem-estar dos adolescentes era “muito pequeno”. No entanto, após os últimos acontecimentos, mostrou uma mudança na fala, ele diz: “Não quero minimizar estes assuntos, alguns dos temas mencionados na reportagem não estão necessariamente muito difundidos, embora o impacto nas pessoas seja enorme”. Stephanie Otway, porta-voz do Facebook, afirmou que “o Instagram está nos estágios iniciais de desenvolvimento do serviço para crianças, e isso é um esforço para manter os menores de 13 anos fora de sua plataforma principal”. Ela também afirma que a companhia não exibirá anúncios em nenhum produto do Instagram que for destinado para crianças com menos dessa faixa etária. O ex-chefe de segurança do Facebook, Alex Stamos, afirmou em seu Twiter, que o problema é pior. “Os pré-adolescentes não deveriam ter celulares, mas os pais lhes dão… Os adolescentes provavelmente não deveriam estar nas redes sociais, mas seus pais o permitem”.
Audiência com Senadores
Em maio, alguns senadores americanos demonstraram preocupação com o Instagram Kids e enviaram um pedido ao Facebook para que interrompessem o desenvolvimento do projeto. Segundo eles essa versão trouxe a tona um “histórico de falhas na proteção de crianças nas plataformas”. No início de outubro, motivados pelas revelações do Wall Street Journal, os senadores americanos Marsha Blackburn e Richard Blumenthal realizaram uma audiência do Comitê de Comércio do Senado examinando os “efeitos tóxicos” do Facebook e do Instagram sobre os jovens.
Outras redes sociais com problemas
Embora seja o maior alvo de críticas, o Facebook não está sozinho no assunto. Há algum tempo, o TikTok vem despertando muita polêmica e preocupação por parte dos críticos quanto ao tipo de conteúdo presente na plataforma, a argumentação se baseia no fato de que a grande maioria do público é menor de idade. Por conta disso, em 2019, a plataforma se viu obrigada a criar uma “experiência de aplicativo separada e limitada” para usuários com menos de 13 anos. Inibindo o compartilhamento, comentários e envio de mensagens para outros usuários. Outro aplicativo que está enfrentando problemas é o YouTube Kids. Alguns legisladores dos EUA lançaram uma investigação no começo do ano, por entender que a plataforma é “um deserto de conteúdo consumista insípido”, a invenção segue em andamento.
Gostou de saber sobre o Instagram Kids?
Gostou de saber um pouco mais sobre o que está acontecendo com o Instagram Kids? Deixe nos comentários qual seu pensamento sobre o risco que que a exposição as redes sociais podem causar às crianças.